quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O início do Yoga – Podcast #24

O início do Yoga – Podcast #24

O Yoga surgiu há tanto tempo, que é difícil datar precisamente seu início. Neste podcast levantei algumas hipóteses. Para entender, ouça o podcast e tire suas conclusões!

 

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Transcrição do Podcast #24 – O Início do Yoga 

O meu nome é Daniel De Nardi e está começando o 24º episódio de “Reflexões de um YogIN Contemporâneo”, um podcast semanal a respeito do yoga e tudo que envolve essa filosofia.

Essa música eu você está ouvindo chama-se Scheherazade e é uma música que remete a obra clássica importante da literatura que é “As mil e uma noites”, uma obra que se tornou famosa, por uma tradução francesa, mas é um texto muito mais antigo, ele foi registrado em língua árabe no século IX, provavelmente ele te origens mais antigas e indianas. Nesta época, século IX d. C. a Índia tinha acabado de ser dominada pelos muçulmanos árabes, então, muita coisa que havia ali foram apropriadas por esse povo que depois começou a levar para outras culturas, por exemplo as universidades. As primeiras universidades da Europa são fundadas pelos árabes, mas na verdade o conceito veio Índia, da dinastia Gupta que formou várias universidades no século V d.C., uma outra propriedade dos árabes são os números, que era uma ciência indiana, mas que foi levada pelos árabes para fora. As Mil e uma Noites é uma história em que o rei soube que foi traído e ele vai matando uma a uma das suas esposas, a cada dia e Scheherazade todo dia conta uma história para o rei de forma que ele seja envolvido e queira saber a história no dia seguinte e não a escolha para morrer. Então a história é toda encadeada, sendo que um dia depende do outro, dependia da criatividade da Scheherazade para criar uma história que ligasse, que envolvesse o rei a ponto de ele não querer cortar a sua cabeça.

E eu estou usando esta obra porque no primeiro livro escrito sobre yoga, o Yoga Sutra, é traduzido como aforismos do yoga. Aforismo é uma ideia de uma frase completa e sábia por ela mesma, mas os sutras não são aforismos porque uma frase depende da outra, construindo um significado de acordo com o contexto do capítulo. Então são quatro capítulos e cada frase vai puxando a outra, inclusive é por isso que sutra se traduz por cordão, por barbante, porque um vai dando sentido ao seguinte. Como falei no episódio passado, eu montei, agora finalizei, a parte do yoga Sutra da formação, ficou um curso bacana, bastante completo, com várias referências, sempre com os sutras que eu estou comentando, sendo expostos na tela, então ficou muito bacana, é uma das aulas que eu mais gostei. Na semana passada eu também mencionei do webinar que a gente vai organizar no domingo, nesse webinar a gente vai falar um pouquinho dessa parte da estruturação, do nascimento do yoga e como ele foi difundido. Então, é interessante a gente conhecer para saber de onde surge a ideia e quais sãos as consequências daquela ideia, esse webinar vai ser já a primeira aula do nosso curso de formação do segundo semestre, o YogIN APP já está indo para a quarta turma, cada turma teve em torno de 20/25 pessoas e esperamos fazer um curso bastante proveitoso, como foram os demais. Até agora, com um pouco de sorte e um pouco de mérito, só tivemos elogios e bons depoimentos em relação ao curso, inclusive gravamos os depoimentos sobre o curso (vou deixar o link aqui). Então esse curso está muito bacana, ele é de cinco meses, com duas aulas teóricas semanais explicando a estrutura do yoga, as técnicas, os principais conceitos, e aí uma vez por mês a gente tem um encontro online, depois desse encontro a gene tem mais dois encontros presenciais, em que a gente conhece as pessoas e as avalia, além de fazer uma revisão de todos os assunto abordados. O próximo encontro, que irá finalizar a terceira turma será dia 15 de julho, eu estou bem feliz porque este é o momento do fechamento, a gente faz a avaliação das aulas e é muito proveitoso e prazeroso pra mim ver o trabalho sendo construído. Então teremos esse webinar que será no domingo, às 21h, lá a gente vai abrir pra perguntas, vai conversar e vai falar um pouco sobre o que venho falando e já será a primeira aula da quarta turma, mas esta aula será aberta e gratuita.

Como eu estava falando, o Yoga Sutra é fundamental dentro da estrutura do entendimento do yoga, porque ele é o primeiro livro. O Yoga Sutra não é fruto de uma revelação, ele é fruto de debates que vinham acontecendo, mencionando o yoga, como eu já citei aqui alguns textos como vedas e Upanishads, então esses textos todos foram construindo a ideia de yoga, assim como uma ideologia, como um método, como uma doutrina, chegando ao ponto de Patanjali fazer esse momento de formatar tudo isso. Patanjali faz essa organização, não sozinho – como vamos ver mais pra frente –, fruto de debates, então o yoga é o resultado de debates que estavam acontecendo na Índia e ele estrutura esse primeiro formato do yoga em quatro partes, em quatro capítulos.

 

O primeiro capítulo, diz respeito a Samádi, que é o estado no qual você deve praticar todos os outros capítulos e trabalhar dentro do yoga para atingir o último objetivo que é o último capítulo que é o Kaivalya. Algumas pessoas falam que o objetivo do yoga é o samádi, mas ele é o estado em que você deve fazer as coisas, dentro da proposta do yoga, para atingir a libertação, a verdadeira manifestação, a libertação da sua natureza mais autentica. Nesse estado o indivíduo está intensamente junto com algo, essa junção é a interna, a junção do coração, que faz com que a sua mente trabalhe de uma forma mais serena, mais coerente, mais tranquila. Então você estará indo de encontro aquilo que for mais importante pra você e isso vai acalmando a sua mente e o oposto também é verdade, a medida em que você for acalmando a mente você terá um vislumbre maior da sua verdadeira essência. Esse é o estado que Patanjali propõe que se trabalhe os outros capítulos, conceitos relatados por ele. Não vou me estender, o curso, dentro da formação, é que explana todo esse conceito, toda a obra de Patanjali, aqui vamos ver só a estrutura dos quatro capítulos e as evidências da datação de Patanjali.

Em seguida vem o capítulo Sâdhana, que é a pratica buscando a perfeição, então é o trabalho, a prática. Depois ele fala dos resultados da prática que são os vibhutis, que é o terceiro capítulo. E então ele começa a ensaiar a proposta dele que menciono bastante, e vou trabalhar bastante no curso, que é a libertação, o Kaivalya. Como fazer isso, eu vou deixar uma tradução do Yoga Sutra feita pelo Calos Eduardo Barbosa, você pode ler e fazer a sua própria análise, mas você já terá um bom alicerce, entendendo que cada frase deve depender da outra e que esses capítulos vão se montando para se chegar à conclusão final que é o Kaivalya.

Sobre a época em que Patanjali viveu e que a gente pode de fato datar o início formal do yoga. Você pode dizer que o yoga começou em vários períodos dentro da Índia, como na tese do David Frawley, dizer que o yoga começou nos vedas porque o deus maior dos vedas que é Hidra pode se assemelhar a Shiva em muito a aspectos, inclusive com a utilização do fogo em alguns rituais. Mas as evidências maiores mostram que yoga surge nas Upanishads, e passam a tornar forma nelas e o assunto passa a ser mais debatido e observa-se a palavra yoga em muitas das Upanishads já citadas aqui, especialmente nesta que é a Swetaswatara. A Swetaswatara é muito próxima do yoga sutra, então esta é de fato a inspiração do yoga sutra, ela é de 900 a.C. e Patanjali provavelmente viveu em 500 a.C., a data pode variar, mas eu vou colocar os pontos que favorecem a data citada.

O primeiro ponto é como o Yoga Sutra começa, o primeiro capítulo dele é o Samádi, mas a primeira palavra é Atha, uma palavra utilizada nesse período, mais ou menos 5 a.C., foi um período em que a difusão da civilização védica que começa em Varanasi e passa a se espalhar, compondo os textos védicos, esta civilização chegou nesse momento começa em 3.400 a.C., época do primeiro Rigveda, e vai se difundindo, se desenvolvendo e nesse período é uma época em que houve muitas normatizações. Como as cidades começaram a ficar populosa, eles criaram diversos tipos de normas, relacionadas a lei, literatura, matemática, até mesmo de como receber alguém em casa, este período de normas tinha essa expressão que, traduzido, seria mais ou menos como “olha, especialistas discutiram sobre determinado assunto e a conclusão é esta”. O atha não é encontrado apenas no yoga, mas em vários outros textos indianos da época, ele já é uma demonstração do estio literário do período. Justamente por ser um texto normativo, o Yoga Sutra, que não cita rios, que não cita reis, que não cita guerras, acaba dificultando a datação, então nas Upanishads há uma precisão maior justamente por conta disso, há o testemunhos dos episódios históricos, que eles conseguem fazer uma aproximação e chegar, o Yoga Sutra já é mais difícil fazer este tipo de trabalho. Então nós temos essa evidência do estilo literário do Yoga Sutra, e a segunda evidência é que existia um gramático chamado Panini de 520 a 460 a.C. vivendo por sessenta anos, ele desenvolveu normas gramáticas para o sânscrito sendo considerado, inclusive, o fundador do sânscrito que era um tipo de linguagem falada, ele fez uma organização e fez esta fundação do sânscrito nesse período.

Consta que existia um gramático na época que foi, inclusive, aluno de Panini, chamado Patanjali, que se tornou um do maiores eruditos e sábios da antiguidade. A gramática tem relação com o yoga, inclusive Panini usa o termo para expressar a palavra quando ela significa (int.) [14:04]. Então existia uma relação de yoga com gramática nesse período, os grande sábio estudavam a gramática, aí há mais um indício, o mesmo nome, Patanjali, para um período falando de um assunto relacionado, então há mais uma evidência que ele tenha vivido nesse período.

Por fim, existe um texto muito importante para os Vedanta que são os Vedanta Sutras ou Bramas Sutras, esses textos dão a base para o Vedanta, escritos por um sábio chamado Badarayana 200 a.C., ele refuta o yoga. Mas qual? Badarayana refutava o yoga de Patanjali, se sabe disso porque muito tempo depois, em 788 a 820 que é o período em que esse personagem viveu, chamado Schankaracharya, ele faz uma revisão do hinduísmo e das culturas que estavam difusas, ele cita o texto dos Bramas como sendo a base do hinduísmo. Schankaracharya valoriza Bhagavad-Gita e valoriza as Upanishads, o que ele deixa de fora é o Yoga Sutra, isso significa que – como os Brahma sutras dão origem a filosofia de Schankaracharya, Vedanta sutras falam contra o yoga, especialmente sobre o yoga de Patanjali, o yoga tem que ser anterior a 200 anos a.C., por essas aproximações, por a gente ter todas essas evidências, podemos chegar bem próximo a época em que Patanjali no século entre V e IV a.C.

A gente vai falar muito mais no domingo, às 21h, dia 09 de julho. A inscrição é grátis, eu vou deixar o link na descrição do espólio. E para finalizar, como é clássico no nosso podcast, eu vou deixar a música Scheherazade, de Rimsky-Korsakov. Esse não é um compositor famoso, especialmente eu não conheço nada além dessa música, que meu pai ouvia bastante em casa e eu acabei gostando, mas ela e realmente maravilhosa, a música das Mil e uma Noites, até o próximo podcast.

Ohm Namah Shivaya!

 

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