Para onde nos levam as palavras
My Fair Lady, interpretada no cinema pela musa Audrey Hepburn, surgiu muito antes como musical da Broadway. Os musicais assim como as óperas tem um grande obstáculo na construção de enredos – a música. O principal tema, ocupa muito espaço dentro da trama o que dificulta um enredo mais elaborado. Entretanto, My Fair Lady, com a simplicidade de um musical (queria por dos anos 30 para ficar igual a música do Legião Urbana mas não deu) do início do século XX consegue passar uma mensagem a um só tempo importante e profunda.
Na trama, Henry Higgins, um culto professor de fonética, conhece Eliza Doolettle, moradora de rua e vendedora de flores, e aposta com seu amigo que consegue transformá-la em uma dama (Fair Lady) em apenas 6 meses. Na sociedade de hoje, em que a classe emergente ocupa cada vez mais espaço na hierarquia social mesmo não tendo a bagagem que era exigida outrora, poderíamos questionar – Seis meses? Para que tanto, basta um banho de loja na Quinta Avenida e ela já estaria pronta. Para parecer uma dama sim, apenas um cartão de crédito ilimitado já seria suficiente para Doolete. No entanto, Henry sabia das coisas e como descobrimos ao longo da história, sua intenção não era apenas levá-la numa festa como um enfeite e enganar sua procedência.
Por onde Higgins começou? Roupas, curso de etiqueta, restaurantes e lugares badalados? Não, nada disso – linguagem. Sim, as palavras que ela usaria e como pronunciaria tais palavras, isso a mudaria de fato. Mudaria a forma que ela veria o mundo, mudaria a forma como o mundo a veria.
O professor não queria apenas que Eliza fala-se o inglês da nobreza britânica, mas desejava transformá-la. A forma como dizemos as coisas e que expressões usamos para dize-las fala muito mais sobre nós mesmos que aquilo que estamos dizendo.
E mudar significa necessariamente modificar o padrão dos pensamentos. E as palavras são a matéria-prima dos pensamentos, logo, um vocabulário mais elaborado é o que permite uma linha de pensamento mais complexa.
“Não é exagero afirmar que um casal que haja lido Garcilaso, Petrarca, Góngora e Baudelaire ama e usufrui mais do que outro, de analfabetos semi-idiotizados pelas séries de televisão.” Vargas Llosa
Como disse Vargas Llosa acima, a leitura, que vai nos acrescentando vocabulário e consequentemente clareza nos pensamentos e na comunicação, irá contribuir não apenas para nosso desenvolvimento profissional, mas como amantes, amigos, companheiros de conversa. As palavras são poderosas, elas mandam no mundo e mandam em nós também. Não despreze o poder das palavras elas mudam as pessoas.
Podcast com esse texto narrado
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