O doping da triatleta Ariane Monticeli – a verdade triunfará no final? Podcast #21
A primeira obra do Yoga, o Yoga-Sutra, fala de dificultadores no caminho de revelar a essência do indivíduo. Patanjali, o autor da escritura, relaciona no capítulo II, sutras 3, 4, 5, os obstáculos chamados de kleshas.
“Falta de sabedoria, egoidade, apego, aversão e medo da morte. A Falta de sabedoria [avidya] é o campo onde crescem as demais perturbações, quer estejam adormecidas, enfraquecidas, isoladas ou totalmente ativas. Falta de sabedoria é a percepção da eternidade, pureza, bem estar e individualidade naquilo que é perecedor, impuro, desagradável e não-individual.”
Para que os ensinamentos do Yoga não fiquem distantes do dia a dia, gravei esse podcast de um caso recente em que podemos identificar esses dificultadores descritos no Yoga-Sutra devastando a vida de uma pessoa.
Espero que você também possa tirar aprendizados valiosos dessa história triste, mas esclarecedora.
Ao final, do famoso discurso, Isto é Água, o escritor, que prefiro chamar de filósofo, David Foster Wallace falou.
“A verdadeira educação é a de aprender como ser bem ajustado. Você vai conscientemente decidir o que tem significado e o que não tem. Você decide o que venerar.
Porque aqui está algo que é estranho mas real: nas trincheiras diárias da vida adulta, não existe algo como o ateísmo. Não existe “não venerar”. Todo mundo venera. A única escolha que temos é o que venerar. E a razão convincente para talvez escolher venerar algum tipo de deus ou coisa espiritual – seja Jesus Cristo, Alá, ou a Deusa Mãe dos Wicca, ou as Quatro Nobres Verdades, ou algum conjunto de princípios éticos invioláveis – o ponto é que praticamente qualquer outra coisa que você venerar vai te comer vivo.
Se você venera dinheiro e coisas, se é aí que você encontra significado verdadeiro na vida, então você nunca terá o suficiente. É a verdade. Venere o seu corpo e beleza e atração sexual, e você sempre vai se sentir feio. E quando o tempo e idade começarem a aparecer, você vai morrer um milhão de mortes antes de finalmente te enterrarem. De certa forma, nós já sabemos dessas coisas. Elas já foram codificadas em mitos, provérbios, clichês, epigramas, parábolas – o esqueleto de toda grande história. O truque é manter a verdade evidente na consciência diária..”
David Foster Wallace, Isto é Água, 2005.
- Joseph Campbell, estudioso de mitos, também mostra nos seus estudos um padrão nas histórias mitológicas. O herói é sempre tentado ao caminho mais fácil, muitas vezes o que ele pensa ser a verdade é uma tentação disfarçada, mas ele abdica para seguir na sua missão.
- Quem é Ariane Monticeli?
- Por que esse caso é interessante de ser analisado? Pela sinceridade que acredito que ela tenha escrito essa carta. Temos um recorte com evidências factuais para observar como uma mente mal ajustada pode se apegar a aparências, conduzir a narrativa interna e desorientar a existência de uma pessoa.
“Tudo o que vou contar aqui, não irá justificar meu erro. Mesmo assim vou descrever o que realmente aconteceu e o porquê.”
- Pra mim, Ariane caiu de pé. Errou. Sim, errou. E não estou aqui como juiz do caso, especialista em esporte ou doping. Esse caso me interessa, pois ele está acontecendo o tempo todo, dentro de cada um de nós. Somos diariamente tentados pela vaidade e por posições sociais. Todos estão sujeitos a isso e todos caem nas armadilhas da mente quando ela está perturbada, agitada, apega aos sentidos externos.
- Assumir a falsidade é dar uma chance para reajustar o caminho. Citando novamente o texto de David Foster
“A verdadeira educação, a de aprender como ser bem ajustado.”
- Yoga também pode ser traduzido como ajustamento. O ajustamento das condições para a expressão da Verdadeira Natureza. A mente serve a expressão da vocação interna e não comanda as diretrizes.
- A verdade é essencial para esse ajustamento. Na minha opinião, essa carta da Ariane assume sinceramente o erro e as consequências. Assume tudo sozinha. Não se vitimiza e não justifica nenhum dos seus atos com fatores externos às suas decisões.
“Tive um ano de 2015 muito bom na minha carreira, onde venci provas de Triathlon Olímpico, meio ironman, ironman e Campeonatos Brasileiros.
Em 2016 enfrentei inúmeros problemas. Problemas mecânicos no ironman Florianópolis, pé quebrado na largada do ironman de Zurich, falecimento da minha mãe, atropelamento 14 dias antes de campeonato Mundial em Kona no Hawaii. Foi um ano ruim, como um todo, e os resultados foram reflexo disto.
Em 2017, eu mais do ninguém me cobrava resultados. Sucumbindo à essa pressão e não admitindo voltar a ter um novo ano ruim, resolvi fazer uso de EPO para a minha primeira competição de meio ironman do ano. Como isso se deu: dentro da minha cabeça, eu repetia “eu preciso vencer”, mas eu sou testada constantemente, tenho passaporte biológico, o que fazer? Fui a Internet, pesquisei a compra de EPO. Pesquisei como aplicar, em quanto tempo sai do organismo e por aí vai… Quando se toma uma decisão dessas você não conta à ninguém. Eu assumi o risco, mesmo sabendo o que poderia acontecer, por vários motivos: egoísmo, vaidade, preocupação.”
- O que é EPO e o que é passaporte biológico?
“Vou detalhar exatamente como aconteceu, não porque eu queira que as pessoas tenham pena ou que se solidarizem, mas para que aprendam como eu estou aprendendo, só que dá pior forma.”
- Nada substitui a experiência própria do erro para o aprendizado, mas porque não aprender com o erro dos outros?
“A primeira coisa que acredito que alguém vá pensar e falar: “Ela só está falando porque foi pega, do contrário não estaria falando e tudo passaria por isso mesmo” Sim. Se não tivesse sido pega, eu não falaria e teria aprendido minha lição quieta.
Não fiz um “ciclo” tomei e acreditei que sairia rápido do organismo.”
- O que é um ciclo?
- Casos que tomou e não fez diferença pro resultado.
“EPO não é receita de bolo. Não mudou em nada minha performance. Não venci o meio ironman de Buenos Aires, não fiz nada de diferente do que sempre fiz em provas, fiquei frustrada, porque “tinha” que vencer. Ano passado fiz um tempo melhor do que na prova deste ano inclusive. Pensei ok, risco alto para zero benefício. Fiz outra prova, o ironman África do Sul no dia 2 de Abril. 11º lugar. Estava pouco treinada até o momento. Tempos condizentes ao estágio que me encontrava. Fui submetida a outro teste no dia 4 de Abril. Sangue e urina, como sempre.
Após ter usado e me arriscado em vão, lógico que me arrependi. Prova disso, nada demais no ironman da África do Sul e resultado do teste negativo. Oque quero deixar claro, é que foi pontual. Não faço uso de substâncias ilícitas, até porque faço testes desde de 2014.”
- Aqui alguns poderão dizer que ela sempre usou e só está dizendo isso para não perder o mérito da vitória do Ironman de Florianópolis, mas acredito que não por causa do passaporte biológico.
“Quando recebi a notícia, meu técnico e pessoas que treinam comigo tiveram a mesma reação: “não se preocupe, está errado, vamos te defender até o fim”. Daí minha vergonha. Como falar que o resultado estava correto para as pessoas que gostam de mim, que acreditam em mim?”
- Isso aqui deve ser desesperador. As pessoas não saberem mais quem você é.
“Fiquei mergulhada numa dor tão profunda que tentei tirar minha vida. Sei que é muito forte falar sobre isso e repito que não estou dizendo isto para me vitimizar. Exponho-me dessa forma para que meu erro, ao menos, sirva de exemplo, ou para que, se alguém intente fazer isto algum dia, coloque-se em meu lugar. Espero que eu possa, mesmo com essa merda toda, ajudar alguém.
Não via nada nem ninguém, só sentia vergonha. Depois de 3 dias nesse estágio psicológico, comecei o processo da verdade. Contei ao meu pai, ele disse: “não foi essa educação que eu te dei”.
- Isso eu achei muito digno da parte dela, pois essa associação com a educação que recebeu de casa é inevitável. Por outro lado, se essa narrativa interna de tudo pela posição social tomar conta da mente, ela suplanta qualquer educação.
“Entre muitas outras coisas, minha irmã não mediu esforços para tentar me “salvar”, contei ao meu técnico, que ficou em estado de choque. Disse que colocaria a mão no fogo por mim e disse que eu não precisava disso. Falei ao diretor do Triathlon do Pinheiros, que se mostrou indignado, traído, não aceitando de forma alguma essa situação. Meu namorado até aquele momento, simplesmente não acreditou e se sentiu traído. Amigos pessoais ficaram imensamente tristes, mas para a minha surpresa eu, que já tinha me julgado e sentenciado, e achava que minha vida não valia de mais nada, tive apoio de todos.
Todos entendem a situação. Estão ao meu lado de forma humana, mas de forma alguma aceitam essa conduta e com isso sofrerei as sanções de cada contrato. Entendem que serei julgada e que isso só cabe a Wada e a CBTRI fazerem, Compreendem que irei sim pagar pelo meu erro, assim como todo mundo que um dia já errou. Quero deixar claro que ninguém aprova isso e que estão todos muitos tristes e decepcionados. Meu pai sempre disse que “não existe inferno”, e que “tudo o que você fizer de errado vai pagar em vida”. Acredito que esse seja o processo de evolução humana.
Mergulhada no meu egoísmo, não percebi quantas pessoas eu iria magoar com esse meu ato. Mergulhada na minha vaidade, coloquei minha carreira no lixo.
- A vaidade desnorteia. Ela iria ser lembrada como uma das maiores triatletas brasileiras, isso era verdade até o início desse ano. O desvio para a vaidade fez com que tudo o que ela construi fosse manchado e perdesse qualquer significado.
“Eu precisei passar por isso para vir aqui e falar que não é a vitória, não é o vencer uma prova que é o que realmente importa. O que importa é todo o caminho que te fez chegar lá.
Quando venci o ironman Florianópolis, o mais importante foi lembrar e pensar tudo o que havia passado para chegar à esse resultado. Meu começo, minha batalha diária, a batalha do meu técnico, que no momento está completamente arrasado.
Estou vindo aqui para demonstrar, em exemplo vivo, que o uso de recursos ilícitos é ilusão . Que quando você deitar sua cabeça no travesseiro, você e Deus sabem a verdade, e quando se faz algo errado, em algum momento se paga a conta.”
- Um bom indício dessa tranquilidade é a sensação de paz interna. A mente apegada aos desejos é agitada.
“Eu sinceramente, não penso em voltar. Vou fazer faculdade ou talvez vá morar fora, mas estou aqui disposta a colaborar, a enfrentar meu erro, assumir, a mostrar que isso não leva a nada e que só se tem a perder.
Sei que muitos ficaram extremamente decepcionados. Essa é a primeira reação. Recebia muitas mensagens de pessoas que se diziam inspirar-se em mim e me ver como exemplo.
Quero pedir desculpas a todos: ao Triathlon nacional e mundial, a minha família, amigos, equipe técnica e patrocinadores.
Exclui todas as minhas contas nas redes sociais porque acredito que não precise de mais julgamentos do que os que terei, por quem de Direito.”
Ariane Monticeli
- No brazão da Índia está escrito Satyameva Jayate (सत्यमेव जयते – em português: “No fim, a Verdade triunfará”). Esta é uma citação de Mundaka Upanishad que foi escrita aproximadamente 1200 A.C., a Upanishad dos carecas, pois a força dos sacerdotes era ter cabelo. Segundo esse texto, há dois tipos de conhecimento um superior e um inferior. O inferior é o conhecimento das escrituras. O conhecimento superior é o que está dentro do coração, a voz da Verdade pessoal.
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De certa forma, nós já sabemos dessas coisas. Elas já foram codificadas em mitos, provérbios, clichês, epigramas, parábolas – o esqueleto de toda grande história. O truque é manter a verdade evidente na consciência diária..”
Links
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Carta de confissão do doping de Ariane Monticelli
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Podcast sobre IronMan que trata da bravata, mencionada
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Trilha sonora da série – Reflexões de um YogIN Contemporâneo
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Outros episódios da série de podcasts – Reflexões de um YogIN Contemporâneo
Transcrição do Podcast #21
O Doping de Ariane – A verdade triunfará no final? – Podcast #21
Olá, o meu nome é Daniel De Nardi, está começando o 21º episódio de Reflexões de um YogIN Contemporâneo, um podcast semanal que traz assuntos cotidianos, assuntos do nosso tempo sendo analisados com uma visão de uma cultura oriunda da Índia.
Hoje nós vamos falar sobre o doping da triatleta Ariane Monticeli e questionar, será que a verdade sempre triunfa no final?
Esse podcast eu acho que pode se aprender muito com o doping desta atleta, porque é um confissão. Ela confessou, escreveu uma carta confessando, daí a gente pode ver o quanto a vaidade, a ambição por uma posição social pode nos desviar da nossa jornada pessoal. Ao final do famoso discurso “Isso é Água”, o escritor, que prefiro chamar de filósofo, David Foster Wallace falou:
“A verdadeira educação é a de aprender como ser bem ajustado, você vai conscientemente decidir o que tem significado e o que não tem, você decide o que venerar porque aqui está algo que é estranho, mas real. Nas trincheiras diárias da vida adulta, não existe algo como o ateísmo, não existe ‘não venerar’, todo mundo venera, a única escolha que temos é o que venerar e a razão convincente para, talvez, escolher venerar algum tipo de Deus ou coisa espiritual. Seja Jesus Cristo, Alá ou a Deusa mãe dos Incas. Ou as quatro nobres verdades ou algum tipo de princípio ético inviolável. O ponto é que praticamente qualquer coisa que você vai venerar vai te comer vivo. Se você venera dinheiro e outras coisas, se é aí que você encontra o significado verdadeiro na vida, então você nunca terá o suficiente. É a verdade, venere o seu corpo e a beleza e a atração sexual que você sempre vai se sentir feio. E quando o tempo e a idade começarem a aparecer você vai morrer um milhão de mortes antes de, finalmente, te enterrarem. De certa forma, nós já sabemos dessas coisas. Elas já foram codificadas em mitos, provérbios, clichês, epigramas, parábolas. O esqueleto de toda grande história, o truque é manter a verdade evidente na consciência diária”.
David Foster Wallace, “Isto é água”, 2005.
Esse foi um discurso que ele proferiu no final de um curso, e ele fala sobre os condicionamentos e o quanto os apegos podem tomar contas das nossas decisões e nos desviar do caminho. É interessante quando ele fala que isto já foi decodificado em mitos, provérbios, clichês…que aí a gente traz o maior estudioso contemporâneo desses mitos que é Joseph Campbel, e ele mostra nas suas entrevista como há, de fato, um padrão na jornada do herói. Existe a jornada do herói que é proferida por Campbel e é muito famosa, então ele identificou alguns passos muitos comuns nas histórias antigas, e fez essa análise (quem quiser dar uma estudada, eu vou deixar um link aqui). O importante da jornada é que o tempo todo o herói é tentado a desviar do seu caminho, ele é tentado por prazeres, por um apego ou por medo, e o verdadeiro herói é aquele que persiste. Muitas vezes há, também a história daquele que acha que está na direção certa e, depois, acaba se enganando. Então isso é bastante comum na narrativa de épicos, e o que do David Foster Wallace traz aqui é que isso é uma repetição, um padrão que acontece na nossa vida. Por isso achei interessante analisar o caso da Ariane, porque a gente tem um recorte de uma situação muito específica em que isso aconteceu e a gente consegue avaliar as consequências e o que ela realmente tem a dizer sobre isso.
Antes de começar, quem é Ariane Monticeli?
Ariane Monticeli é uma triatleta brasileira, ela teve alguns resultados expressivos, mas o resultado mais expressivo dela foi em 2015 quando ganhou o Ironman do Brasil. Ariane foi a primeira brasileira a ganhar uma prova de Ironman profissional, ela se tornou uma figura muito importante no esporte, especialmente dentro do triatlo e do Ironman, ela era muito conhecida, muito seguida nas redes sociais e sempre teve uma postura agressiva, isso não é um julgamento, é uma evidência, muita gente falava. Particularmente, eu não me incomodava com a forma que ela se manifestava, mas muita gente se incomodava por achar que ela tinha muito da bravata, que comentamos no episódio anterior, de “ah eu vou vencer a qualquer custo”. Mas ela tinha, de fato, uma certeza do talento dela e da vitória no Ironman Brasil, de 2015.
Esse caso é interessante, eu realmente acredito na sinceridade da carta que ela escreveu, e aí eu vou ter que assumir que essa carta seja verdade, vai ter alguns pontos que a gente pode desconfiar, mas se a gente não assumir como um fato vai ficar muito difícil, em cima de especulações fazer uma análise aqui. Então vamos assumir que a carta que ela escreveu esteja apresentando a verdade dos fatos e, como é uma confissão, eu não acredito que ela tenha porque esconder algo. Vamos partir do pressuposta que ela esteja contando a verdade.
Então ela começa a carta assim “Tudo o que eu vou contar aqui, não irá justificar meu erro. Mesmo assim vou descrever o que realmente aconteceu e o porquê…” Na minha opinião, a Ariane caiu de pé, ela errou sim e eu não estou aqui para ser o juiz do caso, isso é para um especialista de esportes ou de doping. Esse caso me interessa porque ele está acontecendo o tempo todo dentro da cabeça de cada um de nós. Somos diariamente tentados pela vaidade e por posições sociais, todos nós estamos sujeitos a isso e alguns caem numa armadilha de deixar a mente tomar conta dessa narrativa. A mente, se estiver muito agitada, muito apegada a situações externas, apenas conduzidas por elementos externos, vai se desviar, ela vai responder e agir apenas em função de situações externas sem se atentar ao que vem de dentro, algo interno e pessoal, ao eu.
Acredito que todos nós estamos sujeitos a essas tentações da mente, e no momento em que você assume uma falsidade, no caso aqui ela assumiu uma falsidade muito grande, em relação ao doping, mas quando a gente assume algo que não estamos sendo verdadeiros conosco aquilo é uma chance que nos damos de reorientar a nossa jornada. Então, assumir o erro é muito importante dentro desse processo de evolução e de mudança. O texto que acabei de citar, do David Foster Wallace fala que “a verdadeira educação é de aprender como ser bem ajustado”, então, uma vez que você está sendo falso, se desviando da sua jornada, uma boa educação seria você reajustar isso.
O yoga geralmente é traduzido por “união”, está correto, mas ele pode ser traduzido também por ajustamento. Ajustamento de orientar os nossos sentidos, a nossa mente e o nosso eu para que isso funcione da melhor maneira possível. Aqui muitas vezes a gente vai falar sobre essa falsidade de narrativa e condução da mente, mas a mente não é algo ruim, é algo necessário. Então a gente precisa da mente, o que não podemos deixar é ela tomar conta o tempo todo não dando vazão a algo que é mais verdadeiro, que é mais interno. Esse podcast fala muito sobre a verdade, sobre uma verdade interna que muitas vezes não é ouvida, porque a mente é mais forte do que essa verdade, então ela é autônoma pra decidir se ela vai escolher uma narrativa externa ou se será conduzida por uma voz interna, e ela vai muitas vezes fazer essa alternância porque em determinados casos é importante que a mente seguir simplesmente fatores externos. Por exemplo, se você estiver em risco de vida é necessário que a sua mente seja apegada aos sentidos, senão você não vai sobreviver. Mas, se você viver cotidianamente desta forma, e não tiver momentos em que a voz da subjetividade interna tenha vazão, você irá se desorientar e é sobre isso que a gente vai ver aqui. O yoga trabalha no sentido de dar ajustamento para a expressão da verdadeira natureza de cada um, para que cada um se expresse aquilo que realmente é e não se confunda por narrativas externas. A verdade é essencial para esse ajustamento e, na minha opinião, essa carta da Ariane assume sinceramente o erro e as consequências. Ela assume tudo sozinha, não se vitimiza e não justifica nenhum dos seus atos com fatores externos a suas próprias decisões.
“Tive um ano de 2015 muito bom na minha carreira, onde venci provas de Triathlon Olímpico, e meio Ironman, Ironman e Campeonatos Brasileiros.
Em 2016 enfrentei inúmeros problemas. Problemas mecânicos no Ironman Florianópolis, pé quebrado na largada do Ironman de Zurique, falecimento da minha mãe, atropelamento 14 dias antes do campeonato Mundial em Kona, no Havaí. Foi um ano ruim, como um todo, e os resultados foram reflexo disto.
Em 2017, eu mais do que ninguém me cobrava resultados. Sucumbindo à essa pressão e não admitindo voltar a ter um novo ano ruim, resolvi fazer uso de EPO para a minha primeira competição de meio Ironman do ano Como isso se deu: dentro da minha cabeça, eu repetia “eu preciso vencer”, mas eu sou testada constantemente, tenho passaporte biológico, o que fazer? Fui a Internet, pesquisei a compra de EPO. Pesquisei como aplicar, em quanto tempo sai do organismo e por aí vai… Quando se toma uma decisão dessas você não conta à ninguém. Eu assumi o risco, mesmo sabendo o que poderia acontecer, por vários motivos: egoísmo, vaidade, preocupação…”
O EPO ficou bastante famoso porque foi o doping usado pelo Lance Armstrong, ele tem basicamente uma função de regeneração, de recuperação rápida para o atleta, quem treina como esses atletas tem um desgaste grande, então a recuperação tem mais importância do que ter um bom treino. O EPO trabalha nesse sentido, ele ajuda ne recuperação e o atleta acaba tendo um diferencial competitivo.
O passaporte biológico que ela menciona se refere ao fato de que os atletas profissionais sempre devem comunicar aonde estão porque a qualquer momento ele será visitado por um juiz que irá coletar a urina e o sangue dele. Isso mantém os atletas o tempo todo sob vigilância das entidades antidoping.
Voltando ao que ela falou no final “Eu assumi o risco, mesmo sabendo o que poderia acontecer, por vários motivos: egoísmo, vaidade, preocupação…” Eu falei anteriormente que muitas vezes é necessário que a mente tome conta desta narrativa pela questão da sobrevivência. Como a gente trabalhou durante milênios sempre em função da sobrevivência, o nosso cérebro foi moldado durante cem mil anos para sobreviver, a nossa atração pela narrativa da sobrevivência é muito grande. Então ela fala da preocupação, o que é a sobrevivência, a questão do egoísmo e da vaidade tem mais a ver uma questão de pertencimento ao grupo, mas o ponto é o quanto a mente sempre trabalha com a escassez. Por que 2017 teria de ser o ano dela? Se de fato ela tivesse dado tempo ao tempo, se houvesse algo mais de verdade, que trabalha muito mais com uma linha de continuidade, de perenidade, de algo que fica, ela não teria a necessidade de 2017, ela continuaria treinando e os resultados viriam como uma consequência como já tinham vindo. A mente coloca essa necessidade de “ser agora, nesse momento”
Vou detalhar exatamente como aconteceu, não porque eu queria que as pessoas tenham pena ou que se solidarizem, mas para que aprendem como eu estou aprendendo, só que dá pior forma.
Nada substitui o aprendizado pessoal, você errar e sentir na pele o erro cometido. Mas por que não aprender como erro dos outros? Acho que a gente tem que ouvir a voz dos ancestrais, a gente tem que ouvir a voz de quem já errou, de quem já se sacrificou e tentar aproveitar aquilo da melhor forma para nós. Eu considero essa confissão dela como um aprendizado para todos nós.
A primeira coisa que acredito que alguém vá pensar e falar: “Ela só está falando porque foi pega, do contrário não estaria falando e tudo passaria por isso mesmo” Sim. Se não tivesse sido pega, eu não falaria e teria aprendido minha lição quieta.
“Não fiz um ‘ciclo’ tomei e acreditei que sairia rápido do organismo”.
Aqui você pode especular, como uma atleta profissional, com um nível de entendimento de produtos que são permitidos e os que não são, faria sem nenhuma orientação externa, sem ninguém orientando? Como eu disse, se a gente entrar nesse tipo de especulação vai ser muito difícil, a gente vai ficar só avaliando isso. De fato pode ter acontecido de ela ter procurado alguém que disse que poderia ajudar com a condição de que ela deveria tomar toda a responsabilidade pra si caso fosse descoberto. Não vem ao caso. Sobre o ciclo que ela fala, alguns atletas fazem ciclos de EPO, tomam por um tempo, param de usar para as provas. Mas como o atleta já fez um ciclo de tratamento o corpo dele já está condicionado a um nível maior de resistência. O que ela conta aqui é que não fez todo o ciclo do EP, ela pensou no EPO como uma solução mágica.
Não vou colocar aqui a carta na íntegra, só tirei alguns trechos, mas vou deixar um link para que vocês leiam. Depois ela conta alguns casos que ela tomou: em Buenos Aires e na África do Sul, e que não funcionou.
EPO não é receita de bolo. Não mudou em nada minha performance. Não venci o meio Ironman de Buenos Aires, não fiz nada de diferente do que sempre fiz em provas, fiquei frustrada, porque “tinha” que vencer. Ano passado fiz um tempo melhor do que na prova deste ano inclusive. Pensei ok, risco alto para zero benefício. Fiz outra prova, o Ironman África do Sul no dia 2 de Abril. 11º lugar. Estava pouco treinada até o momento. Tempos condizentes ao estágio que me encontrava. Fui submetida a outro teste no dia 4 de Abril. Sangue e urina, como sempre.
Após ter usado e me arriscado em vão, lógico que me arrependi. Prova disso, nada demais no Ironman da África do Sul e resultado do teste negativo. O que quero deixar claro, é que foi pontual. Não faço uso de substâncias ilícitas, até porque faço testes desde 2014.
Aqui a gente pode especular, também, que ela esteja defendendo o título dela, conquistado em 2015. E a gente vai ter que assumir o que ela diz como verdade. Pode via a aparecer, o sangue fica armazenado na Federação, então muitas vezes eles elaboram um método mais específico e voltam a anos anteriores com pessoas que passaram por casos de doping, então isso pode vir a acontecer, mas eu não acredito. Acredito que em 2015 ela estava limpa. O ponto é que esse passaporte biológico é muito sério, existe uma investigação difícil de burlar. Mas, às vezes, acontece, como ela mesma disse que tomou para a prova da África do Sul e não foi detectado, então não é sempre que pega.
Quando recebi a notícia, meu técnico e pessoas que treinam comigo tiveram a mesma reação: “não se preocupe, está errado, vamos te defender até o fim”. Daí minha vergonha. Como falar que o resultado estava correto para as pessoas que gostam de mim, eu acreditam em mim?
Deve ser desesperador ter que mostrar para as pessoas que você não é…porque uma certa desilusão é normal, todo mundo tem um pouco de incoerência na vida, isso é natural do ser humano. O ponto é o que você faz consistentemente é o que de fato molda a sua personalidade, quem de fato você é. Ela constantemente era uma atleta profissional e, assim como uma boa parte dos atletas profissionais, não usava droga. Quando você é atleta desse nível você está constantemente com pessoas, porque os seus treinos são longos e acaba mantendo uma relação muito próxima as pessoas, a um grupo de pessoas que sabem praticamente tudo a seu respeito. E, então, você chegar nessas pessoas e falar que fez algo sem ninguém saber, não tem fama que possa alcançar que cubra o risco de uma situação dessas aparecer, de você ser totalmente desmascarado e ser visto como alguém totalmente diferente como essas pessoas viam ou até mesmo como você se via, ela não se identificava com essa pessoa que tomou aquela decisão.
Fiquei mergulhada numa dor tão profunda que tentei tirar minha vida. Sei que é muito forte falar sobre isso e repito que não estou dizendo isto para me vitimizar. Exponho-me dessa forma para que meu erro, ao menos, sirva de exemplo, ou para que, se alguém intente fazer isto algum dia, coloque-se em meu lugar. Espero que eu possa, mesmo com essa merda toda, ajudar alguém.
Não via nada nem ninguém, só sentia vergonha. Depois de 3 dias nesse estágio psicológico, comecei o processo da verdade. Contei ao meu pai, ele disse: “não foi essa educação que eu te dei” (…)
É muito importante a primeira declaração dela ser relacionada a família. É inegável que aja uma associação de com quem você aprendeu esse tipo de coisa. Se for verdade o que ela está contando, o pai dela não reconheceu nessa atitude a educação que deu a ela. Ela tem um grande respeito e uma grande admiração pelo pai, que veio do interior e parece ser uma pessoa muito sincera. Ele sempre a acompanhava nas provas, uma pessoa que você via verdade, e que deve ter sofrido muito com essa situação. E ele ser a primeira pessoa a ser isentada eu acho honrado, digno e certo. E essa narrativa da vaidade ou de uma posição social, de algo que não é nosso pode suplantar a educação que tivemos, ela tem força e devemos estar atentos porque estamos sendo tentados diariamente e podemos ver claramente o que acontece quando cedemos a ela.
Entre muitas outras coisas, minha irmã não mediu esforços para tentar me “salvar”, contei ao meu técnico, que ficou em estado de choque. Disse que colocaria a mão no fogo por mim e disse que eu não precisava disso. Falei ao diretor do Triathlon do Pinheiros, que e mostrou indignado, traído, não aceitando de forma alguma essa situação. Meu namorado até aquele momento, simplesmente não acreditou e se sentiu traído. Amigos pessoais ficaram imensamente tristes, mas para a minha surpresa eu, que já tinha me julgado e sentenciado, e achava que minha vida não valia mais nada, tive apoio de todos.
Podemos ver o quanto essa narrativa é forte, porque vemos o quanto a posição dela é mais importante do que a própria vida dela. Isto é, de fato, uma confusão nítida entre a narrativa da mente e a verdade interna, verdade subjetiva que cada um tem dentro de si.
Todos entendem a situação. Estão ao meu lado de forma humana, mas de forma alguma aceitam essa conduta e com isso sofrerei as sanções de cada contrato. Entendem que serei julgada e que isso só cabe a Wada (Federação Internacional) e a CBTRI (Confederação Brasileira de Triathlon) fazerem. Compreendem que irei sim pagar pelo meu erro, assim como todo mundo que um dia já errou. Quero deixar claro que ninguém aprova isso e que estão todos muito tristes e decepcionados. Meu pai sempre disse que “não existe inferno”, e que “tudo o que você fizer de errado vai pagar em vida”. Acredito que esse seja o processo de evolução humana.
Mergulhada no meu egoísmo, não percebi quantas pessoas eu iria magoar com esse meu ato. Mergulhada na minha vaidade, coloquei minha carreira no lixo.
Vemos como a vaidade desnorteia, a Ariane seria lembrada como uma das maiores triatletas brasileiras de todos os tempos, porque ela teve uma vitória que era um fato inegável, algo de orgulho para o Brasil. Eu, particularmente como um admirador do esporte tenho orgulho daquela vitória, inclusive eu estava naquela prova, cruzei com ela algumas vezes, vi o quanto ela estava lutando para aquele posto, para aquela vitória. Mas a vaidade para conseguir voltar ao posto, fez com aquela riscasse tudo que havia construído, o desvio para a vaidade fez com que tudo o que ela havia construído fosse manchado e perdesse o significado.
Eu precisei passar por isso para vir aqui e falar que não é a vitória, não é o vencer uma prova que é o que realmente importa. O que importa é todo o caminho que te fez chegar lá.
Quando venci o Ironman Florianópolis, o mais importante foi lembrar e pensar tudo o que havia passado para chegar à esse resultado. Meu começo, minha batalha diária, a batalha do meu técnico, que no momento está completamente arrasado.
Estou vindo aqui para demonstrar, em exemplo vivo, que o uso de recursos ilícitos é ilusão. Que quando você deitar sua cabeça no travesseiro, você e Deus sabem a verdade, e quando se faz algo errado, em algum momento se paga a conta.
O yoga trabalha muito em suas técnicas (a meditação, o relaxamento e mesmo as posturas) sempre buscando um aquietamento da mente, uma paz da mente. E uma das coisas que a gente pode ver aqui é que quando a mente está apegada a essas situações externas, ela fica muito perturbada, muito agitada. A tranquilidade, não o tempo todo, mas no decorrer da sua vida, como um todo, é um bom indício que você está seguindo internamente a sua verdade pessoal, a sua subjetividade, o seu eu. A mente apegada ao desejo é sempre agitada.
Eu sinceramente, não penso em voltar. Vou fazer faculdade ou talvez vá morar fora, mas estou disposta a colaborar, a enfrentar meu erro, assumir, a mostrar que isso não leva a nada e que só se tem a perder.
Sei que muitos ficaram extremamente decepcionados. Essa é a primeira reação. Recebia muitas mensagens de pessoas que se diziam inspirar-se em mim e me ver como exemplo.
Quero pedir desculpas a todos: ao Triathlon nacional e mundial, a minha família, amigos, equipe técnica e patrocinadores.
Exclui todas as minhas contas nas redes sociais porque acredito que não precise de mais julgamentos do que os que terei, por quem de direito”
Ariane Monticeli
Você vê que ela assumiu essa verdade, ela vai ter que passar por um processo de transformação, de uma nova vida. Mas a vida não está acabada, é isso, ela passou por uma situação que ela tomou uma decisão, vai passar pelas consequências, mas a vida não acaba, ela nos dá uma oportunidade de um recomeço se você assumir que não está sendo verdadeiro.
No brasão da Índia está escrito “Satyameva Jayate”, que em português significa “no fim a verdade triunfará”. Essa é uma citação de uma Upanishad chamada Mundaka Upanishad, que foi escrita aproximadamente em 1200 a.C., e Mundaka significa “careca”, porque esse texto é de protesto contra o establishment dos sacerdotes que mantinham o cabelo longo e cortes bem específicos para mostrar a sua posição social, os carecas vinham com um texto mais libertador e, dentro dele, eles mostravam que havia dois tipos de conhecimento, um superior e um inferior. O inferior era aquilo que os brâmanes escreviam e ensinavam, o conhecimento superior é aquilo que está no coração de cada um, que é a voz pessoal de cada um.
Citando o primeiro texto do David Foster Wallace:
“De certa forma, nós já sabemos dessas coisas. Elas já foram codificadas em mitos, provérbios, clichês, epigramas, parábolas. O esqueleto de toda grande história, o truque é manter a verdade evidente na consciência diária”.
A música de hoje é Sibelius, a Sinfonia nº1. Eu vou ler alguns trechos de um livro chamado “O Resto é Ruído”, do Alex Ross. Já citado outras vezes.
“Nascido em 1865, Sibelius era não apenas o mais famoso compositor da Finlândia, mas a maior celebridade já produzida pelo país em todas as áreas. Ele desempenhou um papel simbólico, porém ativo no movimento pela Independência finlandesa por fim conquistado em 1917. Quando se pede que fale de sua cultura, os finlandeses invariavelmente citam ao lado de tesouros nacionais como (inint.) [33:17] à beira do lago, as tesouras Fiskars e os celulares Nokia, os nossos Sibelius.
Antes do advento do Euro, o busto monumental de Sibelius figurava em todas as cédulas de cem marcos, sobretudo, por causa ele, a música clássica continua tendo um papel central na moderna cultura finlandesa. O governo do país investe vultuosas quantias em orquestras, casas de ópera, programas de nova música e escolas de música. Os gastos anuais percaptas com as artes na Finlândia, chegam a aproximadamente 200 vezes o que o governo americano investe na Fundação Nacional das Artes”
Sibelius valorizava a cultura local da Finlândia, ele construiu esse tipo de música baseado nas narrativas, naquilo que era mais valioso para o povo local. Ele foi muito combatido, especialmente no pós guerra, porque começou-se um movimento daquela tonalidade e todos deveriam tocar daquela forma. Só que ele não se desapegou dos valores das tradições locais e foi muito criticado por intelectuais que apoiavam o movimento da música atonal. Entre os ataques dos intelectuais, tem o de Theodor Adorno, que preparou uma análise do fenômeno de Sibelius para um grupo de pesquisas sociológicas chamado Bridgestone Radio Research Project. O Theodor era apoiador dos movimentos socialistas e, na Europa, Sibelius valorizava a cultura local. Então Adorno escreveu:
“A obra de Sibelius não é apenas de uma obra incrivelmente superestimada, mas carece, no fundo, de qualquer atributo positivo. Se a música de Sibelius é boa, então todas as categorias pelas quais se pode avaliar o padrão musical, padrão este que abara desde um mestre de Bach a compositores mais avançados como Schorember, devem ser totalmente abolidas”
Então ele falava muito mal de Sibelius pelo fato deste preservar a música com mais melodia e com características do lugar em que morava e ele tinha ideia de que a música deveria representar o todo, uma ideia global.
Rene Leibowitz, pedagogo que também valorizava a música atonal, sintetizou a impressão de muitos da nova música ao publicar um livreto intitulado “Sibelius, o pior compositor do mundo”. Estudos sobre a música do século XX atribuíam ao compositor uma posição periférica em relação ao drama central da marcha em direção a atonalidade e outros marcos em relação ao progresso intelectual. Mas a música de Sibelius nunca deixava de ser executadas pelos regentes e de agradar as plateias, a música dele não agradava aos intelectuais, mas sim ao povo. Em 1984, o grande compositor vanguardista americano Morthan Feldman deu uma palestra nos ultramodernos cursos de verão para música nova em Darshman, Alemanha. “Aqueles eu vocês pensam ser os tradicionais podem ser, na verdade, os conservadores, aqueles que vocês acham conservadores podem ser os verdadeiros radicais” e começou a cantarolar a música de Sibelius.
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